
Para não deixar falhar nenhum pormenor, encontrámo-nos no Cais de Gaia por volta 9.15 para preparar o barco.
Colocámos as bandeiras e cartazes dos nossos patrocinadores, organizámos as mesas e cadeiras e tratamos dos aperitivos e das capas que pusemos à disposição dos participantes com duas folhas em branco para apontamentos e com as perguntas do brainstorming.
Esperámos a chegada de todos os convidados e da imprensa (jornal “Audiência”, Porto Canal e jornal “Autarquia”).
O percurso teve início ás 10.00h. Fizemos as apresentações do grupo, dos convidados, do projecto, do percurso que iríamos efectuar e demos uma pequena explicação das regras do brainstorming.
De seguida, demos cinco minutos, aproximadamente, para os participantes lerem as perguntas que estavam nas suas capas e responderem apenas por tópicos, aproveitando qualquer ideia que surgisse no momento. Recolhemos as suas folhas com as respostas de cada um e duas de nós leram-nas e fizeram pequenos apontamentos com perguntas a fazer aos participantes sobre assuntos a debater.
Assim decorreu o brainstorming, com duração de uma hora, mais ou menos.
No fim da viagem, dois dos nossos convidados foram entrevistados pelo Porto Canal. A jornalista pediu-nos que também uma de nós fosse entrevistada e o resto do grupo fosse filmado. Na entrevista, falámos do nosso projecto em concreto e do balanço final e fizemos referência também ao projecto “Cidades Criativas”.
Com o brainstorming, conseguimos boas referências sobre o tema do nosso projecto e diferentes pontos de vista.
De referir, que fomos elogiadas por um dos participantes afirmando: “E o nosso Presidente da República ainda diz que a população jovem não se interessa pelos assuntos políticos…”.
Em suma, obtivemos as seguintes ideias:
- Deve haver cooperação estreita entre os dois concelhos. A união não seria benéfica, devido às diferentes políticas utilizadas e ao confronto de ideias que surgiria.
- União não faz sentido. O centralismo não se combate com cidades maiores. Cidadãos de Gaia e Porto são hoje em dia cidadãos metropolitanos.
- O El Cort Inglês é uma mais valia e traz mais prestígio à cidade de Gaia. As pessoas já não vão com tanta frequência fazer compras ao Porto. Já não há tanta aderência ao comercio tradicional. Há preferência pelos shoppings.
- Os fogos de S. João no Rio Douro são já uma forma de desenvolver o potencial do rio.
- Devemos ver Gaia e Porto como uma área metropolitana.
- O Cais de Gaia está mais desenvolvido que a Ribeira do Porto. O turismo está cada vez mais desenvolvido. Os turistas vêm por referência ao Porto e acabam por visitar também Gaia que já tem melhores infra-estruturas. Os desportos náuticos seriam uma forma de desenvolver o potencial do rio Douro devido ao turismo. Deveria ser requalificada toda a margem do rio, na parte de Gaia, e não só a zona do Cais.
- Há apenas duas razões para juntar duas cidades: necessidade de economias de escala ou razões culturais ou religiosas. A união de Gaia e Porto não faz sentido.
- Gaia foi de certa forma transformada em “dormitório” devido à excessiva valorização dos solos no centro do Porto, que faz com que os jovens que trabalham lá não tenham capacidade económica para comprar casa nesta cidade - elevada renda lucativa.
- Gaia não são os subúrbios do Porto. Faz sim, sentido, o conceito de periferia.
- O fenómeno do envelhecimento no Porto é catastrófico. É fruto da deslocalização por razoes económicas e não por opção.
- Gaia já tem muita actividade cultural. No entanto, há uma relação “simbólica” que faz com as pessoas continuem a caminhar para o Porto à procura de eventos culturais.
- Gaia ainda pode desenvolver-se mais. Não há dados concretos que indiquem que Gaia está a desenvolver-se mais que o Porto.
- Para que as decisões políticas sejam sólidas, não podem ser feitas por revindicações, mas por motivos técnicos (modelos de gestão, funcionamento, técnicas…)
- Porto é o epicentro da Área Metropolitana do Porto. Tudo acaba por fluir para o Porto. Dificilmente se vai inverter esta situação.
- Os equipamentos de Gaia estão mais desenvolvidos do que os do Porto, sim. Mas o Porto tem padrões de qualidade de vida e níveis de riqueza maiores.
- A população do Porto está mais “afim” da sua cidade do que a de Gaia. O processo de desenvolvimento tem uma grande componente de cidadania.
- Reconhecer a necessidade de fusão é reconhecer que não se consegue governar para um bom fim. Há fronteiras invisíveis. A fusão leva a uma perda de identidade. Não é pela fusão que se evita “confusões” entre políticos.
- Desafio (proposto por um dos convidados, ao nosso grupo): entregar estas perguntas aos presidentes da câmara de Gaia e Porto.
O balanço final do brainstorming é bastante positivo!
A viagem correu muito bem, num ambiente agradável, com uma bonita paisagem.
Conseguimos juntar pessoas ligadas à política e à economia dos concelhos de Vila Nova de Gaia e do Porto e obter ideias muito interessantes relacionadas com o tema “O que une Gaia ao Porto”.
Desta forma, e como temos uma influência quase nula na realização de um projecto para a nossa cidade, pensamos que a ideia de juntar presidentes de várias juntas de freguesia de Vila Nova de Gaia, a nossa cidade, foi bastante produtiva, na medida em que obtivemos informação e diferentes pontos de vista sobre o nosso tema, a partir de pessoas realmente influentes na realização de projectos para o melhoramento criativo da nossa cidade.